Após três anos sem dar qualquer sinal de si, o franchise Medal of Honor está de regresso ao activo. Desta vez, colocou de lado o muito batido tema da Segunda Guerra Mundial, levando-nos até à Guerra do Afeganistão. Basicamente, entrou em modo "conflito moderno", na tentativa de fazer frente aos mais recentes episódios de Call of Duty. Mas apesar de ser um jogo competente, não consegue arranhar as delícias fornecidas pelas obras da Infinity Ward.
Começando pelo argumento, Medal coloca-nos na pele de vários operativos norte-americanos em serviço no epicentro do Afeganistão. Apesar de existir uma história, é difícil evitar a sensação de nos encontrarmos perante uma colagem de níveis, que têm como único objectivo mostrar situações de combate no país asiático.
Queremos com isto dizer que raramente nos sentimos emocionalmente ligados às várias personagens controladas no modo single-player, personagens essas que nunca passam de avatares que apenas servem para abater elementos da guerrilha talibã.
Mas um dos maiores problemas do jogo desenvolvido nos estúdios da Danger Close/DICE é não apresentar grandes laivos de criatividade, apostando no seguro, oferecendo uma estrutura e momentos já mais que testados em obras do género.
Assim sendo, contem com batalhas no solo, ataques feitos dentro de um helicóptero (em rail-shooting), marcações de locais para ataques de mísseis e até momentos onde percorremos o terreno em cima de uma moto quatro, que imediatamente trazem à memória determinadas cenas passadas nas montanhas geladas de Modern Warfare 2.
De qualquer maneira, mesmo não sendo propriamente original, variedade de situações é algo que não se encontra em falta neste Medal of Honor, facto que oferece um ritmo elevado à vertente solitária da obra. Infelizmente, esse ritmo termina cedo demais...
Como acontece com Modern Warfare 2, a experiência single-player é extremamente curta, bastando pouco mais do que cinco horas para assistirmos à passagem dos créditos finais.
Este senão não deixa de estar ligado ao facto dos níveis apresentados serem de grande linearidade e da inteligência artificial dos inimigos não passar do fraco. Como resultado, têm por hábito exporem-se de forma suicida às nossas balas. E mesmo quando se tentam proteger, digamos que falham miseravelmente.
Trata-se de mais um exemplo vídeojogável de carne para canhão, que retira muito do realismo que a equipa de desenvolvimento pretendia oferecer ao jogo, facto que não deixa de ser um desperdício.
Boa é a variedade e realismo das armas que se encontram à nossa disposição, notando-se que houve um extremo cuidado na tentativa de replicar a reacção do armamento ao pressionar o gatilho.
Engraçado é o Tier 1 Mode, no qual regressamos a níveis já palmilhados no single, combatendo não só contra o inimigo mas tendo também o tempo como adversário. Algumas acções fazem parar o cronómetro (como é o caso dos headshots e mortes corpo a corpo), o que empresta um sabor único a este pseudo time trial. As nossas prestações acabam numa tabela global composta por diversas categorias.
Em termos de multiplayer, um máximo de 24 jogadores poderá entrar em confronto nos vários modos desenvolvidos pela DICE, modos esses que também não primam pela originalidade, empalidecendo perante os conteúdos presentes em Modern Warfare 2.
Ao nosso dispor encontram-se quatro possibilidades: Combat Mission, Sector Control, Team Assault e Objective Raid, todos eles podendo ser usufruídos na pele de um Rifleman, Special Ops ou Sniper, cada qual apresentando-se com características específicas. Naturalmente que com o decorrer das nossas prestações vamos desbloqueando os mais variados upgrades para o nosso homem. Nada de muito diferente, que seja capaz de nos fazer esquecer o jogo da Infinity Ward ou mesmo Bad Company 2.
Passando para o visual, Medal of Honor é composto por um grafismo de qualidade, se bem que seja afectado por algumas faltas de afinação. Há momentos em que as texturas teimam em demorar a aparecer e foram várias as situações em que deparámos com fortes quebras nos frames de animação, tanto na versão 360 bem como na PS3.
As explosões também estão longe de serem das melhores que passaram por um vídeojogo. Mas entre o deve e o haver, encontramo-nos perante um shooter graficamente acima da média.
Mas onde o novo Medal realmente brilha é no departamento da sonoplastia. As músicas oferecem um tom altamente dramático aos acontecimentos, os efeitos das balas são magníficos e as constantes comunicações entre elementos do exército são magníficas. Excelente!
Conclusão, Medal of Honor é um shooter competente... nada mais do que isso. E com Call of Duty: Black Ops no horizonte, digamos que deixa o caminho aberto para mais uma vitória da Activision
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